"Alles gut?"

Comércio para atender os pomeranos

Comerciários contam que o uso do dialeto ajuda até a vender mais

Uma senhora entra em uma loja de tecidos, em Pelotas, olha para a atendente e diz: “Alles gut? (Tudo bem?)”. A moça prontamente responde com um “Alles gut. Und du? (Tudo bem, e você?)”. O diálogo estranho em um primeiro momento à maioria das pessoas é comum em estabelecimentos do comércio local, que mantém a tradição de atender em pomerano, dialeto alemão.

Devido à grande quantidade de imigrantes que chegaram da antiga região da Pomerânia à Zona Sul do Estado, o dialeto é amplamente falado ainda hoje por parcelas da região. O IBGE não identifica quantos adotam a língua, já que não costuma fazer esse tipo de levantamento. Porém, segundo lojistas, os números são altos e a necessidade do uso é frequente.

Um exemplo é Tânia Zitzke. O pomerano foi aprendido em casa, passado pelos pais e avós, como tradicionalmente é feito. Ela costuma conversar com amigos e parentes para tentar manter viva a tradição, fazendo uso inclusive de grupos em redes sociais. E tal capacidade também é útil em sua vida profissional. Funcionária de uma loja de tecidos há mais de três décadas, Tânia diz que a capacidade de falar o pomerano transformou-a também em ferramenta de trabalho. Há pessoas, normalmente de mais idade e vindas do interior, que por usarem o dialeto no seu dia a dia sentem-se confortáveis ao fazer as compras. “Ajuda até a vender mais, já que fica mais fácil oferecer os produtos”, brinca.

Um problema, porém, são os olhares desconfiados. Segundo Tânia, pessoas que falam apenas o português sentem-se desconfortáveis quando presenciam o atendimento diferenciado, a ponto de reclamarem pelo estranhamento, algo novo e confuso para eles.

Manter a cultura
Os aposentados Eleia Müller Kruchadt e Villi Kruchadt comunicaram-se primeiro na língua da Pomerânia em suas casas, apesar de já terem nascido no Brasil. “Aprendemos o português só quando fomos para a escola”, lembra Eleia. Já quanto ao uso no comércio, gostaria de ser atendida no dialeto, mas não costuma utilizá-lo, devido à falta de divulgação das empresas que prestam esse serviço. Em casa, porém, é bastante utilizado em suas conversas.

Outro comerciante que costuma fazer uso no trabalho é Almiro Buchweitz. Proprietário de um restaurante que se tornou tradicional ponto de encontros aos que vêm da zona rural, o comerciante relata que há quem prefira ser atendido em pomerano, já que conhecem mais amplamente os nomes de pratos típicos da culinária alemã.

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